Tonia Carrero


“Um Deus Dormiu Lá em Casa” (1949). Esse foi o espetáculo que fez o mundo conhecer Tônia Carrero (1922-2018), coroando-a com o prêmio de atriz revelação pela Associação de Críticos Cariocas e com a amizade pessoal e profissional do ator Paulo Autran (1922-2007). O título de diva não demorou muito para chegar. Estrelando filmes como “Tico-Tico no Fubá” (1952), “Apassionata” (1952) e “É Proibido Beijar” (1954), inspirados pela estética hollywoodiana dos anos 50, quando reinava o império de Marilyn Monroe (1926-1962), a atriz conquistou o público com a sua beleza e talento distintos. Enquanto ocupava seu espaço nos palcos e em telas de cinema, por muitas vezes sua vida pessoal e profissional se misturou. Casou-se com o diretor e ator italiano Adolfo Celi (1922-1986), teve disputas com a atriz Cacilda Becker (1921-1969), passou pelo Teatro Brasileiro de Comédia (TBC), criou a Companhia Tônia-Celi-Autran e fundou a Companhia Tônia Carrero. Com todo o glamour investido em seus papéis, a grande surpresa e ponto alto de sua carreira veio com a interpretação de uma prostituta, Neusa Suely, em “Navalha na Carne” (1967) durante a ditadura militar. A atriz rompeu com o estereótipo de suas personagens e abandonou os padrões de beleza e vocabulário modesto, para ocupar um cenário de marginalização e texto rico em palavras de baixo calão. Sua carreira, já vislumbrada, decolou em uma série de conquistas, como o Troféu Roquette Pinto, pelo protagonismo na novela “Sangue do Meu Sangue” (1969) na TV Excelsior e duas vezes o prêmio Molière por protagonizar “Navalha na Carne” e “Quartett” (1986) com Sérgio Britto (1923-2011).Em 1990, Tônia despede-se de Paulo Autran nos palcos, encenando a coletânea “Mundo, Vasto Mundo”, de Carlos Drummond de Andrade (1902-1987) e, em 2007, de sua amizade devido ao falecimento do ator. No mesmo ano encerrou sua carreira com o filme “Chega de Saudade” e o espetáculo “Um Barco Para o Sonho”, de Alexei Arbuzov (1908-1986), dirigido por seu neto Carlos Artur Thiré (1972-). A atriz fez sua última aparição pública durante o lançamento de sua biografia (2009) escrita por Tânia Carvalho (1942-) e no dia 03 de março de 2018, seus fãs ficaram inconsoláveis com seu falecimento. Dois anos depois, a atriz foi homenageada pelo programa Ocupação Itaú Cultural, em sua 56ª edição, destacando seus grandes sucessos na vida.


Confira essas e outras imagens no acervo da artista.

Fontes consultadas


BEZERRA, E. POR DENTRO DOS ACERVOS: Tônia e Paulo, Carrero e Autran. Instituto Moreira Salles, 2018. Disponível em: . Acesso em: 07 de ago. de 2023.
CARVALHO, T. Tônia Carrero: movida pela paixão. São Paulo: Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 2009.
EDITORES da Enciclopédia Itaú Cultural. Tônia Carrero. Enciclopédia Itaú Cultural, [c2001]. Disponível em: https://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa8255/tonia-carrero. Acesso em 05 jul. 2023.
ITAÚ CULTURAL (org.). Ocupação Tônia Carrero. São Paulo: Itaú Cultural, 2022.
JUNQUEIRA, C. Biografia de Tônia Carrero. Brasil Memória das Artes, 2006. Disponível em: https://portais.funarte.gov.br/brasilmemoriadasartes/acervo/atores-do-brasil/biografia-de-tonia-carrero/. Acesso em: 05 jul. 2023.
UM Deus Dormiu Lá em Casa. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2023. Disponível em: http://enciclopedia.itaucultural.org.br/evento398258/um-deus-dormiu-la-em-casa. Acesso em: 21 de novembro de 2023. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7