Oscarito & Grande Otelo


É impossível não se encantar pela dupla Oscarito & Grande Otelo. Oscarito (Oscar Lorenzo Jacinto de la Inmaculada Concepción Teresa Díaz, 1906-1970), nascido em Málaga, na Espanha, mas criado no Rio de Janeiro (RJ) desde os dois anos de idade e naturalizado brasileiro em 1949, nunca se considerou espanhol. Grande Otelo (Sebastião Bernardes de Souza Prata, 1915-1993), nascido em Uberlândia (MG), compositor, cantor, ator, comediante e poeta, consagrado como ator, tinha também uma relação especial com a música, dedicando-se especialmente ao samba. Curiosamente, apesar de vivenciarem realidades distintas antes de se conhecerem, ambos tinham em comum o início da carreira artística ainda criança no circo, o amadurecimento no teatro e a popularidade através dos filmes da Companhia Atlântida. A primeira interação entre os atores ocorreu em 1935 durante as gravações do filme "Noites Cariocas" (1936), dirigido por Enrique Cadícamo (1900-1999). A parceria e amizade entre eles, no entanto, aconteceu alguns anos depois, quando atuaram juntos em "Tristezas Não Pagam Dívida" (1944), de José Carlos Burle (1910-1983) e Rui Costa (1909-1980), e no ano seguinte, se consolidou quando fizeram "Não Adianta Chorar" (1945), sob a direção de Watson Macedo (1919-1981). A partir desse momento a "dupla do barulho", como ficaram conhecidos após o filme homônimo de Carlos Manga (1928-2015), estava formada. Amigos inseparáveis, conquistaram o Brasil por meio do humor, especialmente nos cinemas, participando de incontáveis filmes juntos. Foi especialmente na Companhia Atlântica, atuando no gênero das chanchadas, populares entre os anos de 1930 e 1960 e propagadas pela Companhia, que Oscarito e Grande Otelo divertiram o público brasileiro. Juntos, tornaram-se os maiores nomes do gênero e os rostos da era de ouro do cinema popular brasileiro. Das chanchadas, a maior delas foi a paródia de "Romeu e Julieta" em "Carnaval no Fogo" (1949), rendendo aos autores reconhecimento e o ponto alto de suas carreiras. Em contrapartida, foi interpretando as cenas de "Romeu e Julieta" que Grande Otelo sentiu o peso do luto em sua vida, quando sua esposa Lúcia Maria Prata (19– -1949) assassinou seu filho de seis anos e enteado do ator, Elmar, apelidado de Chuvisco, e logo em seguida se suicidou. Em que pese a tamanha tragédia que abateu sua vida, Grande Otelo continuou com as gravações, conquistando o público com uma encenação digna de cinema. A amizade e a parceria entre Oscarito e Grande Otelo renderam grandes momentos para a cultura popular brasileira, consagrando os atores entre os mais importantes nomes da comédia no país.


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Fontes consultadas


BIOGRAFIAS seguem Oscarito e Otelo do circo até o cinema. Folha de S. Paulo, São Paulo, 05 de jan. de 2008. Disponível em: . Acesso em 23 de nov. de 2023.
FABRI, Gabriel. Oscarito e Grande Otelo ganham mostra na Sala Spcine Olido. Cidade de São Paulo Cultura, São Paulo, 02 de dez. de 2016. Disponível em: . Acesso em 23 de nov. de 2023.
FUNDAÇÃO NACIONAL DE ARTES. Brasil: memória das artes, 2023. Disponível em: https://portais.funarte.gov.br/brasilmemoriadasartes/. Acesso em 23 de nov. de 2023.
GRANDE Otelo. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2023. Disponível em: . Acesso em: 29 de nov. de 2023. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7