Maria Della Costa

Gentile Maria Marchioro Della Costa (1926-2015), que depois se tornaria Gentile Maria Marchioro Della Costa Polloni, em razão de seu casamento, mais conhecida como Maria Della Costa, deslumbrava a todos com sua beleza. Filha de imigrantes italianos, foi retratada por artistas, como o escultor Brecheret e os pintores Di Cavalcanti e Djanira, justamente por sua beleza incomparável. Quando estudava em um colégio de freiras em Porto Alegre (RS), foi descoberta pelo jornalista Justino Martins (1917-1983), responsável por sua primeira capa na Revista Globo, e aos 18 anos, iniciou sua carreira como atriz, estreando no teatro na peça "Moreninha" junto com Bibi Ferreira (1922-2019) no Rio de Janeiro. Orientada por Fernando de Barros (1915-2002), produtor e seu primeiro marido, concomitantemente, trabalhava como show-girl no Cassino Copacabana e modelo da tradicional Casa Canadá, onde conquistou o título de “Primeira Manequim do País”. Dedicando-se à carreira nos teatros, passou dois anos (1945-1946) estudando arte dramática com a atriz Palmira Bastos (1875-1967) no Conservatório Dramático de Lisboa, em Portugal, onde permaneceu por três anos junto de seu marido. Mas foi em 1946, que sua vida mudou completamente, quando ingressou no grupo "Os Comediantes", protagonizando a peça "A Rainha Morta", de Henry de Montherlant (1895-1972), sob a direção de Ziembinski (1908-1978), retomando sua estreia no teatro brasileiro, onde conheceu Sandro Polloni (1921-1995), ou Sandro Polônio, que se tornou o amor de sua vida. Foi a partir desse momento que a vida de ambos esteve entrelaçada em todos os aspectos, pessoais e profissionais, e ambos passaram a dar seus passos juntos. O ator e empresário, sobrinho da atriz Itália Fausta (1879-1951), tornou-se seu marido pouco depois de seu encontro, e seu sócio, mentor e o administrador da sua carreira. Juntos fundaram sua própria companhia, o Teatro Popular de Arte (TPA), e dedicaram-se à construção da sua sede, o Teatro Maria Della Costa (SP), projetado pelos arquitetos Oscar Niemeyer (1907-2012) e Lúcio Costa (1902-1998), que se tornou um dos mais modernos espaços cênicos de São Paulo e hospedou as atividades da companhia, rebatizada para Teatro Maria Della Costa (TMDC), durante cerca de um quarto de século. Com sua envolvente interpretação no papel de Joana D'Arc, em "O Canto da Cotovia" (1954), de Jean Anouilh (1910-1987), dirigida pelo diretor italiano e cenógrafo Gianni Ratto (1916-2005), produção inaugural do teatro, conquistou o primeiro ponto alto de sua carreira, ao lado de nomes como Sérgio Britto, Fernanda Montenegro, Eugênio Kusnet, Wanda Kosmo e Manoel Carlos. Em 1959, Maria Della e Sandro desenvolveram o espetáculo "Gimba", de Gianfrancesco Guarnieri (1934-2006), dirigido por Flávio Rangel (1934-1988), primeiro espetáculo brasileiro convidado para o Festival do Teatro das Nações, em Paris, onde ganhou o prêmio de melhor trabalho folclórico. Os atores permaneceram na europa levando o espetáculo em uma uma excursão de apresentações em Portugal, Espanha e Itália, além de realizarem excursões a fim de estudar na Alemanha, China e Rússia. O casal não parou na Europa, em 1962 retornaram ao Brasil e no ano seguinte inauguraram o Teatro Leopoldina, em Porto Alegre (RS) e estiveram 45 dias em Buenos Aires (Argentina), apresentando-se no Teatro Astral com o sucesso "Pindura saia", de Graça Mello (1914-1979). Alguns anos depois também fundou o Hotel Coxixo em Paraty (RJ) e, no mesmo período, Maria Della encerrou a fase mais intensa de seu trabalho, do TMDC e do TPA devido à crise econômica. Depois disso, a atriz atuou em mais algumas peças e, apesar de seu foco no teatro, também participou de produções cinematográficas e telenovelas. A atriz foi homenageada pelo Ministério da Cultura com a Ordem do Mérito Cultural em 2002 e faleceu no Rio de Janeiro (RJ) em 2015, deixando saudades a todos os seus fãs.

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