Arquivo IR - Fundo Ítalo Rossi

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Código de referência

BR RJFUNARTE IR

Título

Fundo Ítalo Rossi

Data(s)

  • 1904-1987 (Produção)

Nível de descrição

Arquivo

Dimensão e suporte

1,37 m.

Zona do contexto

Nome do produtor

(19/01/1931-02/08/2011)

História biográfica

Integrante do Teatro Brasileiro de Comédia (TBC) e um dos fundadores do Teatro dos Sete, Ítalo Rossi possui uma grande naturalidade amparada pela profunda humanização que obtém de suas personagens, aliada a uma consciência física que permite que domine amplamente seus instrumentos de trabalho.
Inicia a carreira no teatro e, depois de uma pequena experiência no Teatro das Segundas-Feiras e no Teatro de Vanguarda, ingressa no Teatro Brasileiro de Comédia, TBC. Já no primeiro espetáculo, sob a direção de Maurice Vaneau em A Casa de Chá do Luar de Agosto, de John Patrick, 1956, recebe o prêmio revelação de ator da Associação Brasileira de Críticos Teatrais (ABCT). No ano seguinte, recebe o prêmio de melhor ator por Os Interesses Criados, de Jacinto Benavente, com direção de Alberto D'Aversa. Com este diretor, ainda no TBC, em 1958, atua em três espetáculos: Vestir os Nus, de Luigi Pirandello; Um Panorama Visto da Ponte, de Arthur Miller; e Pedreira das Almas, de Jorge Andrade. Em 1959 funda, ao lado de Fernanda Montenegro, Sergio Britto e Fernando Torres, o Teatro dos Sete, em que atua com exclusividade durante seis anos, até o encerramento da companhia. No espetáculo de estreia, O Mambembe, de Artur Azevedo e José Piza, sob a direção de Gianni Ratto, interpreta Frazão e, no papel do empresário em dificuldades, empresta uma verve e um histrionismo que lhe valem um novo Prêmio ABCT. Depois de afirmar que seu Frazão é "uma lição de arte de representar", Paschoal Carlos Magno define a atuação de Ítalo Rossi dizendo que ele "nos dá a impressão de ser daqueles mágicos que, inacreditavelmente naturais, retiram do fundo de uma cartola pássaros e estrelas". A crítica Barbara Heliodora completa: "O trabalho de Ítalo Rossi é um primor de acabamento, seja em dicção, seja em expressão corporal, seja na limpeza de cada gesto, que é uma unidade completa em si, muito embora perfeitamente integrada na fluência total de toda a sua gesticulação".
Em 1960, é novamente premiado pelo trabalho na comédia de Georges Feydeau, Com a Pulga Atrás da Orelha. Depois do encerramento das atividades do Teatro dos Sete, em 1965, Ítalo volta a atuar em duas peças curtas, Os Amantese A Coleção, ambas de Harold Pinter, sob a direção de Flávio Rangel, na recém-criada Companhia Carioca de Comédia, em 1966. No mesmo ano, em Curitiba, protagoniza, com o mesmo diretor, O Sr. Puntila e Seu Criado Matti, de Bertolt Brecht. Em 1967, está em Oh, Que Delícia de Guerra!, de Charles Chilton em colaboração com Joan Littlewood e o grupo do Theatre Workshop, uma encenação de Ademar Guerra.
Na década de 1970, suas atuações mais expressivas são em Dorotéia Vai à Guerra, de Carlos Alberto Ratton, dirigido por Paulo José, 1972; A Noite dos Campeões, de Jason Miller, direção de Cecil Thiré, 1975 - seu desempenho lhe vale o Prêmio Molière; O Santo Inquérito, de Dias Gomes, com o diretor Flávio Rangel, 1976; Os Emigrados, de Slawomir Mrozek, direção de Jorge Takla, 1977; e Os Veranistas, de Máximo Gorki, 1978.
Após um certo afastamento retorna aos palcos, na década de 80, com três espetáculos intimistas. Com estes trabalhos conquista durante anos seguidos o Prêmio Molière. Em Quatro Vezes Beckett, 1985, uma encenação de Gerald Thomas em que a ação concentra-se em partes dos corpos dos atores, Rossi se encarrega do monólogo da boca. Em 1986, ele faz um espetáculo solo com roteiro e direção de Walmor Chagas, Encontro com Fernando Pessoa. Em 1987, ao lado de Daniel Dantas, encarna o filósofo ateu Descartes em Encontro de Descartes e Pascal, de Jean-Claude Brisville. Sentados um frente ao outro, em uma mesa no proscênio de um pequeno palco do Teatro da Aliança Francesa de Botafogo, falando para uma lotação máxima de 80 espectadores, Ítalo se encontra muito próximo ao público. Este pode observar as sutis mudanças na fisionomia de uma personagem revestida de profunda humanidade pelo ator que, pouco gesticula, praticamente não se levanta e, apenas com o trabalho facial e vocal, prende o público em uma discussão puramente intelectual. O crítico Macksen Luiz escreve:
"Ítalo Rossi, definitivamente um ator amadurecido, permite que a ironia, a fraqueza, a inteligência, as manobras e o cansaço de Descartes fiquem transparentes. Ítalo, contido por uma direção que enfatiza as pausas, os silêncios e os tempos mortos, preenche-os com tal requinte interpretativo que a plateia fica em suspenso, conduzida pela sensibilidade do ator. Cada gesto se incorpora ao racionalismo da personagem numa integração absoluta; cada inflexão deixa perceber os "estados de alma" de alguém que deseja fazer valer a razão".
Em São Paulo, sua interpretação também colhe a admiração dos críticos e do público. Alberto Guzik avalia seu desempenho: "Seu Descartes é um momento luminoso numa carreira excepcional. A composição, embasada em usos precisos de voz e corpo, traça o perfil de um homem arrogante, altaneiro, mas capaz de confessar os próprios equívocos com desarmante sinceridade. A atuação de Ítalo Rossi, impulsionada pela intensidade com que se entrega ao jogo cênico, magnetiza o espectador. Vê-lo em cena é testemunhar o trabalho de um dos primeiros atores do Brasil".
Na década de 1990, Ítalo Rossi atua em cinco produções do diretor Moacyr Góes. Entre elas, o solo Comunicação a uma Academia, de Franz Kafka, 1994, e O Doente Imaginário, de Molière, 1996.

História do arquivo

Fonte imediata de aquisição ou transferência

Doação de Ítalo Rossi em 15/7/1987. Essa informação foi obtida através de uma anotação encontrada no meio do papelório do artista.

Zona do conteúdo e estrutura

Âmbito e conteúdo

Arquivo pessoal composto de documentos referentes à trajetória artística do ator e diretor Ítalo Rossi. Apesar de haver registros acerca de sua carreira no rádio e na televisão, a grande maioria dos documentos é relativa à sua atuação no teatro, que teve início no Grupo de Teatro Amador de São Paulo, na década de 1950.
Este conjunto documental guarda também importantes registros acerca do Teatro Brasileiro de Comédias e do Teatro dos Sete, companhias nas quais Ítalo Rossi atuou. Há também documentos de tipos variados oriundos dos espetáculos e shows de produções diversas que o artista participou como diretor ou ator. O que mais impressiona neste arquivo são os textos teatrais que Ítalo Rossi guardou e que parecem ter sido utilizados durante o processo de elaboração de espetáculos, como A casa de chá do luar de agosto, o Mambembe, O marido vai à caça e Quatro vezes Beckett.
O arranjo deste arquivo foi elaborado tendo em vista mais o mecanismo de produção dos espetáculos em que Ítalo Rossi participou do que a distinção da função artística exercida pelo artista (ator ou diretor). Também não foram separadas as áreas de atuação de Ítalo Rossi de modo a compor séries distintas, porque os documentos deste arquivo encontraram-se inseridos, exclusivamente, no âmbito do teatro.

Avaliação, seleção e eliminação

Incorporações

Sistema de arranjo

Parcialmente organizado.

Zona de condições de acesso e utilização

Condições de acesso

Sem restrição de acesso ao conteúdo.
O acesso aos documentos originais depende das condições de preservação, dando-se preferência aos representantes digitais.

Condiçoes de reprodução

Para compreender as regras de uso das imagens, acesse as informações em: https://www.funarte.gov.br/uso-de-imagem-acervo-cedoc/

Idioma do material

  • francês
  • inglês
  • italiano
  • português do Brasil

Script do material

    Notas ao idioma e script

    Características físicas e requisitos técnicos

    Instrumentos de descrição

    Arranjo e inventário.

    Instrumento de pesquisa gerado

    Zona de documentação associada

    Existência e localização de originais

    Existência e localização de cópias

    Unidades de descrição relacionadas

    Descrições relacionadas

    Zona das notas

    Nota

    Primeiro registro de descrição baseado na publicação: Arquivos e coleções privados Cedoc/Funarte: guia geral/Rio de Janeiro: Funarte, 2016. 248 p.: il., color.; 23cm ISBN 978-85-7507-177-9.

    Identificador(es) alternativo(s)

    Pontos de acesso

    Pontos de acesso - Assuntos

    Pontos de acesso - Locais

    Pontos de acesso - Nomes

    Pontos de acesso de género

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    Identificador da descrição

    Identificador da instituição

    Regras ou convenções utilizadas

    Estatuto

    Final

    Nível de detalhe

    Máximo

    Datas de criação, revisão, eliminação

    Línguas e escritas

      Script(s)

        Fontes

        Nota do arquivista

        Documentalistas responsáveis: Fabiana Fontana.
        Descrição realizada pelo Projeto Acesso e difusão no Centro de Documentação e Pesquisa da Fundação Nacional de Artes (CEDOC/Funarte): promovendo a patrimonialização dos acervos privados e de uma plataforma digital em software livre como lugar de memória a partir do AtoM (2022-2023).

        Área de ingresso