Dina Sfat


A partir do momento em que Dina Kutner de Souza (1938-1989) se apaixonou pelo teatro enquanto assistia Cacilda Becker (1921-1969) em "Arsênico e Alfazema" (1949) com sua irmã, sua vida estava determinada: ela seria atriz. Filha de judeus poloneses, escolheu ser chamada artisticamente como Dina Sfat em homenagem à sua mãe, já que Sfat era seu povoado de origem em Israel. Sua primeira experiência nos palcos foi durante uma ponta na montagem de Antônio Abujamra (1932-2015) para Ruth Escobar (1935-2017), "Antígone América" (1962), de Carlos Henrique Escobar (1933-2023). Mas foi no Festival Nacional de Estudantes de Porto Alegre (RS), participando da peça “Os Fuzis da Senhora Carrar” (1962) que se destacou nos palcos e recebeu o prêmio de melhor espetáculo do ano no Festival Nacional de Estudantes. Após sua estréia, a agitação de sua vida profissional e pessoal não parou. A atriz participou de diversos espetáculos e transitou entre os dois mais importantes grupos de teatro da época: o Teatro de Arena de São Paulo e o Teatro Oficina. Foi durante seu trabalho no Teatro de Arena, que a atriz conheceu o ator Paulo José , com quem viveu um romance por 17 anos, que resultou no casamento dos artistas e no nascimento de suas três filhas, que também se tornaram atrizes: Bel (1970-), Ana (1971-) e Clara Kutner (1976-). Consagrada nos palcos dos teatros por sucessos como “Arena Conta Zumbi” (1965), de Gianfrancesco Guarnieri (1934-2006) e Augusto Boal (1931-2009), que lhe rendeu o Prêmio Governador do Estado de São Paulo de melhor atriz, também se destacou nas telas de cinema e televisão. Em 1966, estreou na televisão brasileira ao lado da mulher que inspirou sua carreira, Cacilda Becker, na novela "Ciúme", de Thalma de Oliveira (1917-1976), na TV Tupi, e, em 1969, interpretou sua primeira grande personagem no cinema, marcando seu nome no imaginário brasileiro com a guerrilheira Cy, em "Macunaíma" (1969), de Joaquim Pedro de Andrade (1932-1988). Sua presença nos cinemas também lhe rendeu o reconhecimento de sua dedicação. Conquistou dois prêmios no Festival de Brasília: o prêmio de melhor atriz por sua interpretação em "Os Deuses e os Mortos" (1970), de Ruy Guerra (1931-), e o segundo de melhor atriz coadjuvante, por sua interpretação em "O Homem do Pau-Brasil" (1981), dirigido por Joaquim Pedro de Andrade. Em 1970, a atriz foi contratada pela rede Globo, onde participou de novelas, minisséries e integrou o elenco de vários programas, como o "Caso Especial" e "Aplauso". A incrível dedicação em suas interpretações era reconhecida pelo público que se encantava com suas personagens, fossem mocinhas ou vilãs. Sua participação política também foi um grande marco de sua vida, repercutindo a ponto de ser considerada uma líder feminista vinculada a extrema-esquerda por um general da Escola Superior de Guerra. Apesar de nunca ter se filiado a um partido, Dina Sfat lutava em prol da democracia e da liberdade de expressão, chegando a anunciar que se candidataria à vice-presidência do Brasil pelo Partido Comunista do Brasil (PCB), em 1984. A atriz lutou contra a ditadura pela liberdade de imprensa e apoiou firmemente a campanha pelas Diretas Já. Quando descobriu um câncer, buscou tratamento na União Soviética (1922-1991), onde aproveitou para fazer um documentário como correspondente internacional do programa "Fantástico" da TV Globo, no momento inicial da perestróika. Após longos três anos lutando contra o câncer, Dina Sfat nos deixou cedo demais, quando faleceu aos 50 anos, em casa, junto às suas filhas e amigos. Pouco antes de falecer, publicou sua autobiografia, "Dina Sfat - Palmas pra que Te Quero" (1988), escrita em parceria com a jornalista Mara Caballero, e em 2005, seu amigo Antônio Gilberto escreveu outra biografia, “Dina Sfat: Retratos de uma Guerreira”, contando e homenageando a vida da atriz.


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Fontes consultadas


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