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Registro de autoridade
Fernando Peixoto
Pessoa · 19/05/1937-15/01/2012

Homem de teatro, radicado em São Paulo, ligado ao Teatro Oficina como ator em sua primeira fase. Torna-se, a partir dos anos 1970, diretor especialmente empenhado no teatro de resistência. Reconhecido teórico, autor de obras vinculadas às concepções brechtianas e da tendência nacional popular do teatro brasileiro. Inicia carreira como ator em Porto Alegre, em 1953, envolvido com o teatro semiprofissional de então, onde faz Feliz Viagem a Trenton, de Thornton Wilder, em 1954; O Muro, de Jean-Paul Sartre, em 1955; e Egmont, de Goethe, com direção de Ruggero Jacobbi, em 1958. Faz substituições em espetáculos de importantes companhias paulistas que excursionam na cidade, tais como O Canto da Cotovia, de Jean Anouilh, direção de Gianni Ratto, do Teatro Maria Della Costa - TMDC, em 1957; Leonor de Mendonça, direção de Flávio Rangel; Um Panorama Visto da Ponte, direção de Alberto D'Aversa, ambas do Teatro Brasileiro de Comédia - TBC, em 1960; além de Mãe Coragem, de Bertolt Brecht, na produção de Ruth Escobar, no mesmo ano. Muda-se com sua mulher Ítala Nandi para São Paulo em 1963, integrando a companhia Teatro Oficina. Fernando Peixoto é autor de ensaios, textos teóricos, tradutor, professor e dirigente de coleções nas editoras Paz e Terra e Hucitec, marca um dos raros casos de simultaneidade na produção artística e teórica.

Fernando Torres OFICIAL
Pessoa · 14/11/1927-04/09/2008

Fernando Monteiro Torres nasceu em Guaçuí, no Espírito Santo, em 1927 e faleceu no Rio de Janeiro em 2008. Ator, diretor e produtor. Intérprete do Teatro Brasileiro de Comédia e um dos fundadores do Teatro dos Sete, Fernando Torres se destaca como diretor na década de 70, com espetáculos que primam pela precisão do ritmo e da marcação.
Estreia em 1949, atuando em A Dama da Madrugada, de Alejandro Casona, com direção de Esther Leão, no Teatro Universitário - TU, em que também estreia Nathália Timberg. Em 1951, ingressa na companhia de Eva Todor. Em 1954, vai para São Paulo com Fernanda Montenegro, com quem se casara em 1952. Contratado pelo Teatro Maria Della Costa - TMDC, na temporada de 1955, atua em O Canto da Cotovia, de Jean Anouilh, faz a assistência de direção de Gianni Ratto em Com a Pulga Atrás da Orelha, de Georges Feydeau, e A Moratória, de Jorge Andrade, acumulando as duas funções em Mirandolina, de Carlo Goldoni, sendo dirigido por Ruggero Jacobbi; e A Ilha dos Papagaios, de Sérgio Tofano. Nos anos de 1956 a 1958, trabalha no Teatro Brasileiro de Comédia, TBC, como ator e como assistente de direção, e assina pela primeira vez a direção de um espetáculo em Quartos Separados, 1958.
Em 1959, funda, com Fernanda Montenegro, Sergio Britto e Gianni Ratto, o Teatro dos Sete, onde atua principalmente como produtor. Volta a dirigir, ainda na companhia, em O Beijo no Asfalto, de Nelson Rodrigues, 1961, sendo premiado como diretor revelação. A partir de 1966, com o término do Teatro dos Sete, dirige uma sequência de espetáculos que o consagra em sucessos de público e crítica: A Mulher de Todos Nós, de Henri Becque, e O Homem do Princípio ao Fim, de Millôr Fernandes, 1966; A Volta ao Lar, de Harold Pinter, e Marta Saré, de Gianfrancesco Guarnieri, 1968; e O Inimigo do Povo, de Henrik Ibsen, 1969.
Entre 1970 e 1972, volta a atuar, assinando também a produção, em: O Interrogatório, de Peter Weiss, e A Longa Noite de Cristal, de Oduvaldo Vianna Filho, ambos com direção de Celso Nunes, 1970; Computa, Computador, Computa, de Millôr Fernandes, 1971; e a temporada carioca de O Interrogatório, 1972, pelo qual recebe o Prêmio Molière Especial pela produção. Em 1973, o casal Torres sofre um prejuízo astronômico ao ser proibido pela Censura de levar à cena Calabar, texto de Chico Buarque e Ruy Guerra, montagem que já se encontrava em fase de ensaios gerais. No mesmo ano, Fernando recebe o Prêmio Governador do Estado da Guanabara pela direção de O Amante de Madame Vidal, de Louis Verneuil, que realiza diversas temporadas fora da cidade até voltar ao Rio de Janeiro em 1975. Neste trabalho, Fernando Torres vai além das intenções do autor, comentando o próprio texto e convertendo sua futilidade em uma visão crítica sobre os costumes da época. Sobre este trabalho, o crítico Yan Michalski escreve: "(...) A direção de Fernando Torres, simples mas espirituosa, bem ritmada e sofisticada, mistura em doses equilibradas uma empostação 'para valer', que leva a sério as bobagens de Verneuil, e uma sutil crítica a essas mesmas bobagens".
Em 1973 atua em Seria Cômico ... Se Não Fosse Sério, de Dürrenmatt, com direção de Celso Nunes, que permanece em temporada até 1976, quando recebe o Prêmio da Crítica Teatral da Cidade de São Paulo como melhor ator. O crítico Sábato Magaldi comenta que "o Edgar de Fernando Torres impressiona também pela pungência e pela energia" e o crítico do Diário de São Paulo escreve que "Fernando Torres entrega-se de corpo e alma a um papel que exige o máximo do intérprete e somente um veterano do palco poderia criar".
Em A Mais Sólida Mansão, de Eugene O'Neill, 1973, Fernando Torres reúne as funções de diretor, produtor e ator. Depois de produzir e atuar em É..., de Millôr Fernandes, 1977, diminui seu ritmo de trabalho e, deixando de dirigir, trabalha como ator e produtor em Assunto de Família, de Domingos Oliveira, com direção de Paulo José, 1980; e Fedra, de Jean Racine, encenação de Augusto Boal, 1986, e apenas como ator em Rei Lear, de William Shakespeare, numa produção do Teatro dos Quatro, 1983. Produz, na década de 80, os espetáculos de Fernanda Montenegro: Dona Doida, Um Interlúdio, de Adélia Prado, direção de Naum Alves de Souza, 1987; e Suburbano Coração, texto e direção de Naum, 1989. Produz, também, em 1994, Gilda, de Noel Coward, em que Fernanda é dirigida por José Possi Neto.
No cinema, Fernando Torres atua, entre outros, em Engraçadinha Depois dos Trinta, de J. B. Tanko, Os Inconfidentes, de Joaquim Pedro de Andrade, Tudo Bem, de Arnaldo Jabor, Veja Esta Canção, de Cacá Diegues, 1994, e A Ostra e o Vento, 1997.
O ator Otávio Augusto dá seu depoimento sobre o trabalho de Fernando Torres: "O momento mais sublime que eu vi de um ator em cena foi quando assisti Longa Noite de Cristal com Fernando Torres. (...) Tive oportunidade de trabalhar com Fernando como diretor, em O Amante de Madame Vidal. Com sua sensibilidade e confiança, eu junto com Fernanda conseguimos momentos brilhantes. O produtor Fernando é uma pessoa que respeita o ator. E o amigo eu descobri em O Interrogatório, quando entendi o sentido e a profundidade da palavra ao conversar com o senhor sobrevivente do campo de Treblinka. Não precisamos estar sempre juntos, mas a amizade, o respeito e o amor estão sempre presentes".

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Geir Campos
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